Perfil Pibid/Letras 2012 São Camilo ES



“O luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade.” Assim como Rubem, o Braga, produz sua crônica “O pavão”, deliciando-se e deliciando-nos com a simplicidade que lhe é característica, estamos na capital secreta do sul do Espírito Santo com um instigante desafio: o aprimoramento linguístico dos alunos de nossas escolas parceiras nas ações do Pibid/CAPES Letras 2012. É no processo de letramento significativo nessa ação pedagógica que vislumbramos nosso maior luxo: a leitura e a escritura, grandiosas e plurissignificativas, porém com toques de esmera simplicidade, trabalhadas em contextos múltiplos. Assim, com os cachoeirismos de sempre, marca de todos os conterrâneos de Rubem Braga, façamos do Pibid uma forma de operar o milagre do verbo na vida de nossos alunos assistidos. Certamente, dessa forma, todos eles, gozando de maior proficiência linguística, da forma mais natural possível, podem afirmar, assim como Braga, “modéstia à parte, sou de Cachoeiro de Itapemirim”. Com este fim, alçamos voo todos os dias rumo a nossas escolas, às nossas salas de aula, aos alunos assistidos e à constitutividade de nossos sujeitos também matizados. Esse é o Pibid/Letras da São Camilo ES. Estes somos nós!

Coordenadora da área de Letras/Português do Pibid 2012 São Camilo ES



segunda-feira, 1 de abril de 2013

PROSA CULTURAL: O mundo das ideias...

       Existe um mundo concreto, percebido pelos sentidos, com todas as suas imperfeições; e existe, além dele, outro que contém as formas imutáveis e perfeitas: o mundo das ideias. Assim definiu Platão o estudo da Filosofia. Aliás, nesse mundo das ideias é a moradia da alma, por isso o filósofo saiu em sua defesa como superior ao mundo concreto. Pois, neste, nossos sentidos podem nos enganar; naquele, o mundo das ideias, as almas belas são o desejo pelo conhecimento, pelo bem, essas almas são aquelas capazes de ações belas. É nesta busca que se encontra a virtude – assim definiu Platão; e o poeta vê a virtude na poesia. O ser humano carrega essa dualidade: é ao mesmo tempo corpo (que se transforma e acaba por morrer) e aquilo que não é corpo e podemos chamar de alma (considerada imortal e sede do pensamento).
      E foi em busca da virtude, mais precisamente, da poesia, que, no dia 15 de março, um dia após a data em que se comemora o Dia da Poesia, encontrei belas almas, em belas ações na Escola Átila de Almeida Miranda, o CEI. Ali, naquele auditório, eu tive a melhor aula de Filosofia possível. Pude, com todos os sentidos, perceber a união dos dois mundos, concreto x ideias; real x poético; escola x jovens. Cheguei com sede e fui agraciado com néctar dos deuses. Ah!, foi incrível(!) como os jovens interagiram. Previamente, pois, avisado que tudo estava à mercê deles, os jovens, e que roteiro ali era artigo de luxo, confesso – e entenda isso, por favor, como uma bela ação de uma bela alma – que não esperava mais que meia dúzia de poesias faladas apressadamente e alguns poucos espectadores dispersos na plateia. Maravilhosa surpresa: a dualidade daqueles jovens tirou-me do concreto e elevou-me, junto a eles, ao fascinante mundo da poesia.
[Utopia(?)] E se periodicamente fosse feita tal junção de mundos, em mundos diferentes, com almas diferentes? Seria possível? Ninguém pode afirmar que não. Isso é concreto, também. É aí que me coloco como sujeito transformador. Uma vez que, atuante como bolsista do PIBID/CAPES, busco redimensionar o fazer docente, busco as virtudes perdidas por professores e escolas e alunos e famílias e sociedade e todo o mundo concreto de concreto. E não há canal melhor que a poesia para fazer a união dos polos. A realidade, representada por Platão como o mundo concreto, é cheias de regras gramaticais, estruturais, sociais; e mais um monte de ‘ais’, que doem muito na sensibilidade do jovem, do professor, que doe, principalmente, nas intenções das belas almas. Assim, não posso deixar de exercer a bela ação que cabe à minha alma pibidiana. Não posso ignorar o mundo perfeito das ideias de docentes e discentes. Essa é a virtude que busco!
E desculpe-me, bela alma leitora, cheia de belas ações! Mas, tenho de acatar as reminiscências. É meu dever fechar os olhos e poder assistir, de forma perfeita, aos gestos e às palavras de meninos e meninas naquele momento. Preciso retornar ao meu lugar, meu parnaso, é necessidade agradecer a você que cuidou de minha alma com tamanho zelo e poesia. Posso ainda agora, ouvir aquela mocinha recitando Vinícius de Moraes, de sandálias, bermudinha e cabelo preso no alto da cabeça – tanto faz se estou descrevendo ela ou ele. Naquele momento, naquele mundo, eram perfeitamente um só. E aquele rapazinho com cara de Mário Quintana? Eu jurava que era o próprio afirmando: ‘Eu passarinho!’

Rodrigo de Assis Davel - aluno bolsista Pibid/Capes 2012 Centro Universitário São Camilo Espírito Santo em momento de deleite e depoimento quanto ao valor cultural, conceitual e literário que a escola pode propiciar ao aluno, sujeito de linguagem.

      
      

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