Existe um mundo concreto, percebido pelos
sentidos, com todas as suas imperfeições; e existe, além dele, outro que contém
as formas imutáveis e perfeitas: o mundo das ideias. Assim definiu Platão o
estudo da Filosofia. Aliás, nesse mundo das ideias é a moradia da alma, por
isso o filósofo saiu em sua defesa como superior ao mundo concreto. Pois,
neste, nossos sentidos podem nos enganar; naquele, o mundo das ideias, as almas
belas são o desejo pelo conhecimento, pelo bem, essas almas são aquelas capazes
de ações belas. É nesta busca que se encontra a virtude – assim definiu Platão;
e o poeta vê a virtude na poesia. O ser humano carrega essa dualidade: é ao
mesmo tempo corpo (que se
transforma e acaba por morrer) e aquilo que não é corpo e podemos chamar de alma (considerada imortal e
sede do pensamento).
E foi em busca da virtude, mais
precisamente, da poesia, que, no dia 15 de março, um dia após a data em que se
comemora o Dia da Poesia, encontrei belas almas, em belas ações na Escola Átila
de Almeida Miranda, o CEI. Ali, naquele auditório, eu tive a melhor aula de
Filosofia possível. Pude, com todos os sentidos, perceber a união dos dois
mundos, concreto x ideias; real x poético; escola x jovens. Cheguei com sede e
fui agraciado com néctar dos deuses. Ah!, foi incrível(!) como os jovens
interagiram. Previamente, pois, avisado que tudo estava à mercê deles, os
jovens, e que roteiro ali era artigo de luxo, confesso – e entenda isso, por
favor, como uma bela ação de uma bela alma – que não esperava mais que meia
dúzia de poesias faladas apressadamente e alguns poucos espectadores dispersos
na plateia. Maravilhosa surpresa: a dualidade daqueles jovens tirou-me do
concreto e elevou-me, junto a eles, ao fascinante mundo da poesia.
[Utopia(?)] E se periodicamente fosse feita tal junção de mundos, em mundos diferentes, com almas diferentes? Seria possível? Ninguém pode afirmar que não. Isso é concreto, também. É aí que me coloco como sujeito transformador. Uma vez que, atuante como bolsista do PIBID/CAPES, busco redimensionar o fazer docente, busco as virtudes perdidas por professores e escolas e alunos e famílias e sociedade e todo o mundo concreto de concreto. E não há canal melhor que a poesia para fazer a união dos polos. A realidade, representada por Platão como o mundo concreto, é cheias de regras gramaticais, estruturais, sociais; e mais um monte de ‘ais’, que doem muito na sensibilidade do jovem, do professor, que doe, principalmente, nas intenções das belas almas. Assim, não posso deixar de exercer a bela ação que cabe à minha alma pibidiana. Não posso ignorar o mundo perfeito das ideias de docentes e discentes. Essa é a virtude que busco!
E desculpe-me, bela alma leitora, cheia de belas ações! Mas, tenho de acatar as reminiscências. É meu dever fechar os olhos e poder assistir, de forma perfeita, aos gestos e às palavras de meninos e meninas naquele momento. Preciso retornar ao meu lugar, meu parnaso, é necessidade agradecer a você que cuidou de minha alma com tamanho zelo e poesia. Posso ainda agora, ouvir aquela mocinha recitando Vinícius de Moraes, de sandálias, bermudinha e cabelo preso no alto da cabeça – tanto faz se estou descrevendo ela ou ele. Naquele momento, naquele mundo, eram perfeitamente um só. E aquele rapazinho com cara de Mário Quintana? Eu jurava que era o próprio afirmando: ‘Eu passarinho!’
Rodrigo de Assis Davel - aluno bolsista Pibid/Capes 2012 Centro Universitário São Camilo Espírito Santo em momento de deleite e depoimento quanto ao valor cultural, conceitual e literário que a escola pode propiciar ao aluno, sujeito de linguagem.
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