Perfil Pibid/Letras 2012 São Camilo ES



“O luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade.” Assim como Rubem, o Braga, produz sua crônica “O pavão”, deliciando-se e deliciando-nos com a simplicidade que lhe é característica, estamos na capital secreta do sul do Espírito Santo com um instigante desafio: o aprimoramento linguístico dos alunos de nossas escolas parceiras nas ações do Pibid/CAPES Letras 2012. É no processo de letramento significativo nessa ação pedagógica que vislumbramos nosso maior luxo: a leitura e a escritura, grandiosas e plurissignificativas, porém com toques de esmera simplicidade, trabalhadas em contextos múltiplos. Assim, com os cachoeirismos de sempre, marca de todos os conterrâneos de Rubem Braga, façamos do Pibid uma forma de operar o milagre do verbo na vida de nossos alunos assistidos. Certamente, dessa forma, todos eles, gozando de maior proficiência linguística, da forma mais natural possível, podem afirmar, assim como Braga, “modéstia à parte, sou de Cachoeiro de Itapemirim”. Com este fim, alçamos voo todos os dias rumo a nossas escolas, às nossas salas de aula, aos alunos assistidos e à constitutividade de nossos sujeitos também matizados. Esse é o Pibid/Letras da São Camilo ES. Estes somos nós!

Coordenadora da área de Letras/Português do Pibid 2012 São Camilo ES



sábado, 30 de março de 2013

PROSA CULTURAL: D’A outra noite


(Re)Significar é o segredo. O segredo da vida; da morte; do professor; do aluno; da escola; meu; seu; de Rubem. Para este, no entanto, era algo fácil, trivial, encantador. Bastavam algumas palavras organizadas em frases, boas ideias, um momento de epifania e pronto. Mais uma de suas significativas crônicas estava fresquinha para os leitores assíduos de Rubem Braga poderem ressignificar suas leituras, suas vidas. E não me refiro aos ilustres Manuel Bandeira, Drummond, Vinícius de Moraes, Veríssimo ou tantos outros mestres das palavras que o reverenciaram. Refiro-me, também, e a priori, aos cachoeirenses orgulhosos do filho da terra, aos cariocas anfitriões do rabugento e genial cronista, assim como pernambucanos – aqueles da família silva, gaúchos, enfim, ao Brasil das crônicas de Rubem Braga. É crônica de crônica. É o (re)significar do que Ana Karla Dubiela¹ apresentou aos presentes ao Teatro Rubem Braga, em Cachoeiro de Itapemirim, e é, também, significar o velho Braga aos bolsistas do PIBID/CAPES² do Centro Universitário São Camilo.
       Claro e evidentemente, quem vos escreve ‘não é ninguém, é só...’ um cronista. Um passarinho a ser observado pelo conde, enquanto manifesta pelo mundo – ressignificando-o. Não somente a si próprio, ter um mundo novo só seu até que é legal!, mas, ter um mundo novo para dividir com mais alguns que é o verdadeiro pavão, cheio de cores e beleza e vida e só com água e luz: ‘um luxo imperial’. Então, levar esse mundo para a escola, uni-los, crônicas – dele, preferencialmente – e escola, professor, aluno, é o que os bolsistas do PIBID/CAPES buscam. Levar às escolas encantamento, simplicidade e triviliadade de viver. Levar, assim, letras e leituras que aproximem o aluno de seu contexto, de seu mundinho particular e indecifrável aos estrangeiros. Se o velho estivesse lendo esta crônica, certamente diria, com sua modéstia; ou com seu charme – como alertou Ana Karla, ‘mas eu sou só um jornalista! Vão ler Mary Kato, Ângela Kleiman, Coscarelli³ etc.’ Sim, todos são leituras obrigatórias ao fazer docente, coerente e eficiente. E são lidos, relidos, significados, ressignificados e postos em prática. Entretanto, As boas coisas da vida, aquelas à beira d’O Amarelo, são você que nos mostra.
       O momento com a estudiosa cearense foi revelador, assim como o Triste fim de tuim, levou a reflexões prazerosas e instigantes. O centenário do cronista, o príncipe das crônicas, aliás, deve ser tomado como uma epifania crônica (perdoe-me o trocadilho!? Ou não perdoe... afinal, o velho abusava da ironia, a face da inteligência em modo fino e sagaz), a ser (re)visitada todos os dias. E momentos como esse, assim com os textos do autor cachoeirense, são necessários para o aprimoramento do sujeito frente às necessidades cotidianas. São ao professor e ao aluno. Educação é feita de muitas visões de mundos. Multipossibilidades de conceituar os fatos. Está aí, então, o papel mediador e transformador da crônica, por exemplo, dentro da sala de aula. Este gênero, pois, que dialoga com seu interlocutor de forma dinâmica, clara e tão próxima que faz do cronista cachoeirense um atemporal cronista brasileiro.
      Portanto, a crônica, a mesma com que Caminha inaugurou nossa história, a Mãe de nossa literatura – e ‘mãe é chaaata...’ – quer e tem capacidade para cuidar dos filhos da pátria amada. E que ninguém, muito menos os bolsistas PIBID/CAPES, feche os olhos para esta Borboleta amarela. E que cada um a assuma como sua, se assim fez Braga. E que dela faça metamorfoses e voos suaves, coloridos e em busca de cheiros, gostos e cores que ainda não as tem, que ainda não provou. Que com ela viaje a Paris, vá a frentes de guerra, reconheça a greve dos patrões, perca o medo dos trovões. Essa borboleta que bateu asas em sua arcaica máquina de escrever pela última vez há cem anos ainda continua a passar pela cabeça de condes, mulatos e silvas.
1: A jornalista e escritora cearense Ana Karla Dubiela, uma das mais importantes pesquisadoras da obra de Rubem Braga, esteve em Cachoeiro de Itapemirim, no dia 20 de março de 2013, para participar de um bate-papo sobre o cronista cachoeirense. O evento, no Teatro Municipal Rubem Braga, com entrada franca, promovida pela Secretaria Municipal de Cultura, integra as comemorações do centenário do escritor na cidade. 
Especialista em estudos literários, mestre em literatura brasileira e doutora em literatura comparada, Ana Karla estuda a vida e a obra de Rubem Braga desde 2004. É autora de três livros sobre o escritor, considerado o pai da crônica moderna. Este ano, lançará mais um, de título “As cidades de Rubem Braga e W. Benjamin – Flanando entre Rio, Cachoeiro e Paris”. O livro foi aprovado pela Lei Rouanet e está em fase de captação de recursos. O lançamento está previsto para o próximo semestre e vai fazer parte das comemorações do centenário.
No evento, a pesquisadora falou sobre questões como a simplicidade, o lirismo e a crítica social presentes no texto do cronista. Ao final, o público pode direcionar perguntas à estudiosa, à maneira de um bate-papo.
2: O PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência) é um programa de iniciativa do governo federal, por meio da CAPES (Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) que, entre outros objetivos visa incentivar a formação de docentes em nível superior para a Educação Básica; contribuir para a valorização do magistério e elevar a qualidade da formação inicial de professores nos cursos de licenciatura.

Adaptado de :

3: Mary Aizawa Kato, Ângela Kleimam e Carla Viana Coscarelli são três pesquisadoras linguistas, referências em estudos sobre o fazer docente e as multipossibilidades de aprendizado da leitura e da escrita, além de fomentarem importantes discussões acerca da ressignificação do ato de aprendizagem e, consequentemente, da escola.


Rodrigo de Assis Davel - aluno bolsista Pibid/Capes 2012 São Camilo Espírito Santo



Alunos bolsistas Pibid 2012 São Camilo ES em palestra no Teatro Rubem Braga em Cachoeiro, com a escritora Ana Karla Dubiela

sábado, 23 de março de 2013

Encantamento pelas letras...

 Nos estudos teóricos educacionais dos últimos vinte anos, muito discute-se sobre a influência da internet e o mundo moderno sobre nossos alunos. O que tenho observado é que existe um encantamento lúdico na séries primárias, mas algo se perde em meio ao caminho da adolescência e juventude. Manoel de Barros diz que as crianças erram na gramática, mas não erram na poesia. Ele vai além, diz que toda criança é genuinamente poeta:


"No descomeço era o verbo.
Só depois é que veio o delírio do verbo.
O delírio do verbo estava no começo, lá
onde a criança diz: Eu escuto a cor dos
passarinhos.
A criança não sabe que o verbo escutar não
funciona para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função de um
verbo, ele delira.
E pois.
Em poesia que é voz de poeta, que é a voz
de fazer nascimentos -
O verbo tem que pegar delírio."


Conhecer o agente causador desse afastamento do sujeito da literatura é a função de todo o professor, para que se faça um trabalho de resgaste. A língua e a literatura não são apenas subdivisões de matérias escolares, mas também disciplinas que estratificam da sociedade seu carácter individual e coletivo. Como viver sem o encantamento das artes? Sem o uso comunicação com proficiência?  Lê-se o destino nos ônibus e já o consideram alfabetizado? Não. Em verdade há muito o que ser feito por uma educação de qualidade, e entender as verdadeiras causas do déficit de aprendizado é o primeiro e grande passo em direção à mudança.




Maria Gabriela Verediano, aluna bolsista da área de Língua Portuguesa.

sexta-feira, 22 de março de 2013

Desenvolvendo a leitura

"Entender sobre a leitura - e entender o que é ensiná-la - é falar sobre ela, ser um leitor que sente prazer nessa prática, mediar textos e leitores." - sábias palavras de Angela Thereza Lopes e Rosa Helena Mendonça em "Leitura: uma proposta interdisciplinar".
Ler por obrigatoriedade é, totalmente, ler sem prazer, sem motivação alguma, é apenas ler por ler, realizando um trabalho que não atinge a proposta pedagógica de todas escolas que dizem formar cidadão capaz de responder com eficiência e de modo crítico e criativo às exigências da sociedade em todos os espaços de sua vida; que afirma formar cidadão autônomo e ativo no meio em que vive.
Visando a quebra da troca de poderes, uma vez que, ao buscar a libertação do que é imposto pela sociedade, alguns professores exigem que o aluno se submeta ao que é imposto por eles, "autoridade máxima" em sala de aula, foi realizado, no Polivalente do Aquidabã - Cachoeiro de Itapemirim-ES, leituras livres (mas não quaisquer leituras) de textos diversificados (contos, fotos e músicas), atendendo ao gosto dos alunos beneficiados com o projeto PIBID.
O principal objetivo foi conduzir uma leitura espontânea desses alunos. Proporcionar um espaço onde eles pudessem se sentir a vontade para falar o que realmente pensavam sem mensuras, mas recebendo as intervenções necessárias com a valorização das múltiplas leituras que são possíveis realizar em meio a tanta diversidade.
Diversidade que identifica ao mesmo tempo que confude o indivíduo, e é preciso que o aluno compreenda a sociedade diversificada em que vive, mas, para isso, é preciso que, antes de tudo, o aluno compreenda a si mesmo, organize seus pensamentos, suas ideias diante de um assunto proposto e argumente, apresente, troque pressupostos uns com os outros e, então, se encontre nesta sociedade e se posicione frente à ela.
"(...) entender o que se lê é uma necessidade para poder participar plenamente da vida social." - Rodrigo Ratier - e imagine como seria participar plenamente de uma sociedade sem prazer. Precisamos ressignificar a leitura e escrita, em sala de aula!

Marciele B. de Oliveira, aluna bolsista da área de Língua Portuguesa - 6º período.

Alunos bolsistas em momento de planejamento das atividades

Oficinas Textuais

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sexta-feira, 15 de março de 2013

O livro didático



Toda ferramenta utilizada para o bom desenvolvimento do processo de ensino- aprendizagem do aluno é de total importância. O livro didático deve ser acrescido nesse caminho para o conhecimento de forma pragmática.
 A utilização do livro em sala deve ser conduzida com inovação pelo professor, ao contrário do que se vê hoje, o livro deve ser um suporte nos resultados culminantes das pesquisas feitas pelos alunos. Ou seja, o aluno tem que criar o conceito através dos estudos e diálogos em sala para, só depois, confirmar ou negar suas suposições sobre o assunto pesquisado através do livro didático.
 Além de uma boa análise prévia do livro a ser usado, o professor deve ter em mente que o livro deve ser um dos meios de conhecimento e não a única ferramenta possível de ser utilizada.
Cabe ao docente a melhor forma de uso do livro didático em sala de aula e não tê-lo como única fonte de informações. O resultado será surpreendente e os alunos irão aprovar as novidades.
Simone Pereira, aluna bolsista da área de Língua Portuguesa.

As múltiplas faces da palavra



“[...] Então vejamos: com a palavra você lembra o passado e planeja o futuro, o que não é pouco! Além disso, pode ‘falar’ consigo mesmo, comunicar-se com os outros, contar um acontecimento, inventar uma história, criar ou resolver enigmas, expressar sentimentos, orar, poetar, comandar, implorar, persuadir, ensinar, prometer. E tantas, tantas outras coisas.
Ah, mas a palavra é uma faca de dois gumes: com ela você pode mentir, maldizer, provocar mal- entendidos, doutrinar, caçoar, ofender, trair, difamar.
Depende de você saber como usá-la, porque a palavra é sua.
Maria Lúcia de Arruda Aranha.

terça-feira, 12 de março de 2013

Aos, também, apaixonados pelas letras, uma dose diária de Manoel de Barros só nos faz ter a certeza de que, como já nos disse Pessoa, da forma mais pessoal possível, tudo vale a pena. E nessa dimensão plural do amar as letras, de ser pessoa e de transformar pessoas pelas letras, nos vemos como professores de agramática. Nessa visão quixotesca e subjetiva de se fazer professor e de ser professor, podemos nos espelhar no grande mestre Padre Ezequiel, aquele que fez nosso grande encantador de gentes, Manoel, se permitir limpar seus receios. Ser professor, ser pesquisador, ser preceptor, como Padre Ezequiel, certamente, deve ser, em conformidade com os avanços linguísticos, sermos agramáticos e limpadores de receios. E aí, haja receio para se limpar: fonéticos, morfológicos, sintáticos,... e nos permitirmos amar o semântico, o discursivo, o belo, o novo. Amar a Língua Portuguesa e fazer nosso aluno perceber-se capaz e querente por esse dizer. E querê-la sem peias, sem ressalvas, sem pudores...



“Descobri aos 13 anos que o que dava prazer nas leituras não era a beleza das frases, mas a doença delas.
Comuniquei ao padre Ezequiel, um meu preceptor, esse gosto esquisito.
Eu pensava que fosse um sujeito escaleno - Gostar de fazer defeitos na frase é muito saudável, o Padre disse.
Ele fez um limpamento em meus receios.
O padre falou ainda: Manoel, isso não é doença, pode muito que você carregue para o resto da vida um certo gosto por nadas...
E se riu.
Você não é de bugre? – ele continuou.
Que sim, eu respondi.
Você não é de bugre? – ele continuou.
Que sim, eu respondi.
Veja que bugre só pega por desvios, não anda em estradas
- Pois é nos desvios que encontra as melhores surpresas e os ariticuns maduros.
Há que apenas saber errar bem o seu idioma. Esse padre Ezequiel foi o meu primeiro professor de agramática.
(...)” 
(Manoel de Barros, O livro das ignorãças, p. 87)