Nos estudos teóricos educacionais dos últimos vinte anos, muito discute-se sobre a influência da internet e o mundo moderno sobre nossos alunos. O que tenho observado é que existe um encantamento lúdico na séries primárias, mas algo se perde em meio ao caminho da adolescência e juventude. Manoel de Barros diz que as crianças erram na gramática, mas não erram na poesia. Ele vai além, diz que toda criança é genuinamente poeta:
"No descomeço era o verbo.
Só depois é que veio o delírio do verbo.
O delírio do verbo estava no começo, lá
onde a criança diz: Eu escuto a cor dos
passarinhos.
A criança não sabe que o verbo escutar não
funciona para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função de um
verbo, ele delira.
E pois.
Em poesia que é voz de poeta, que é a voz
de fazer nascimentos -
O verbo tem que pegar delírio."
Conhecer o agente causador desse afastamento do sujeito da literatura é a função de todo o professor, para que se faça um trabalho de resgaste. A língua e a literatura não são apenas subdivisões de matérias escolares, mas também disciplinas que estratificam da sociedade seu carácter individual e coletivo. Como viver sem o encantamento das artes? Sem o uso comunicação com proficiência? Lê-se o destino nos ônibus e já o consideram alfabetizado? Não. Em verdade há muito o que ser feito por uma educação de qualidade, e entender as verdadeiras causas do déficit de aprendizado é o primeiro e grande passo em direção à mudança.
Maria Gabriela Verediano, aluna bolsista da área de Língua Portuguesa.
Maria, valoriza-se muito as regras,o concreto; esquecem que o que move o homem é sua imaginação, aquilo do que é capaz de imaginar.
ResponderExcluirObrigado pelos textos!
Rodrigo Davel