Perfil Pibid/Letras 2012 São Camilo ES



“O luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade.” Assim como Rubem, o Braga, produz sua crônica “O pavão”, deliciando-se e deliciando-nos com a simplicidade que lhe é característica, estamos na capital secreta do sul do Espírito Santo com um instigante desafio: o aprimoramento linguístico dos alunos de nossas escolas parceiras nas ações do Pibid/CAPES Letras 2012. É no processo de letramento significativo nessa ação pedagógica que vislumbramos nosso maior luxo: a leitura e a escritura, grandiosas e plurissignificativas, porém com toques de esmera simplicidade, trabalhadas em contextos múltiplos. Assim, com os cachoeirismos de sempre, marca de todos os conterrâneos de Rubem Braga, façamos do Pibid uma forma de operar o milagre do verbo na vida de nossos alunos assistidos. Certamente, dessa forma, todos eles, gozando de maior proficiência linguística, da forma mais natural possível, podem afirmar, assim como Braga, “modéstia à parte, sou de Cachoeiro de Itapemirim”. Com este fim, alçamos voo todos os dias rumo a nossas escolas, às nossas salas de aula, aos alunos assistidos e à constitutividade de nossos sujeitos também matizados. Esse é o Pibid/Letras da São Camilo ES. Estes somos nós!

Coordenadora da área de Letras/Português do Pibid 2012 São Camilo ES



terça-feira, 12 de março de 2013

Aos, também, apaixonados pelas letras, uma dose diária de Manoel de Barros só nos faz ter a certeza de que, como já nos disse Pessoa, da forma mais pessoal possível, tudo vale a pena. E nessa dimensão plural do amar as letras, de ser pessoa e de transformar pessoas pelas letras, nos vemos como professores de agramática. Nessa visão quixotesca e subjetiva de se fazer professor e de ser professor, podemos nos espelhar no grande mestre Padre Ezequiel, aquele que fez nosso grande encantador de gentes, Manoel, se permitir limpar seus receios. Ser professor, ser pesquisador, ser preceptor, como Padre Ezequiel, certamente, deve ser, em conformidade com os avanços linguísticos, sermos agramáticos e limpadores de receios. E aí, haja receio para se limpar: fonéticos, morfológicos, sintáticos,... e nos permitirmos amar o semântico, o discursivo, o belo, o novo. Amar a Língua Portuguesa e fazer nosso aluno perceber-se capaz e querente por esse dizer. E querê-la sem peias, sem ressalvas, sem pudores...



“Descobri aos 13 anos que o que dava prazer nas leituras não era a beleza das frases, mas a doença delas.
Comuniquei ao padre Ezequiel, um meu preceptor, esse gosto esquisito.
Eu pensava que fosse um sujeito escaleno - Gostar de fazer defeitos na frase é muito saudável, o Padre disse.
Ele fez um limpamento em meus receios.
O padre falou ainda: Manoel, isso não é doença, pode muito que você carregue para o resto da vida um certo gosto por nadas...
E se riu.
Você não é de bugre? – ele continuou.
Que sim, eu respondi.
Você não é de bugre? – ele continuou.
Que sim, eu respondi.
Veja que bugre só pega por desvios, não anda em estradas
- Pois é nos desvios que encontra as melhores surpresas e os ariticuns maduros.
Há que apenas saber errar bem o seu idioma. Esse padre Ezequiel foi o meu primeiro professor de agramática.
(...)” 
(Manoel de Barros, O livro das ignorãças, p. 87)



3 comentários:

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  2. Espero que encontremos bastantes sujeitos escalenos por aí... Manoel de Barros, você me encanta a cada dia!!!

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  3. Como não se encantar com Manoel Simone? Eu fico enamorada a cada letra e poesia lida... a esposa dele que morre de ciúme das moças que lá aparecem encantadas... rs

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